quarta-feira, outubro 30, 2013

O regresso dos jogos de futebol com amigos

Quando um grupo de amigos me chama para jogar à bola, eu normalmente digo presente. E ontem disse-o: passados mais de três anos desde a última vez, voltei a jogar futebol. Vivas para mim!

Claro que este interregno provocou as suas mossas. Eu já não jogava há tanto tempo que, quando me foi passada a bola pela primeira vez no jogo de ontem, eu fiquei 10 segundos a pensar "Mas que raio faço eu agora com esta merda?!". Quando cheguei à conclusão que era para enfiar aquilo na baliza adversária, já a bola tinha desaparecido de junto dos meus pés. Indignado, ainda pensei em chamar as autoridades, mas um companheiro de equipa despertou-me desta letargia ao gritar "F*d@-se, Peter of Pan, mexe-te, c@r@lh*!". Passados 5 minutos, a reminiscência futebolistica já se instalara perfeitamente no meu disco rígido e jogava à vontade com o resto da equipa à qual pertencia.

Não foi apenas a dificuldade de recordar o que havia para fazer num campo de futebol a única mossa provocada pelo meu prolongado hiato destes ofícios. Outras mossas foram surgindo. Enquanto futebolista, devo confessar que a técnica está lá, praticamente intacta, e uma ou duas jogadas de elevado recorte artístico comprovaram-no. A velocidade também não sofreu muito: continuo capaz de competir com o Usain Bolt, ou seja, se me ponho a correr, ninguém me apanha. Mas a resistência, essa... se, como referi, ao fim de 5 minutos já estava entrosado com a equipa, ao fim de 6 minutos já pedia a intervenção do INEM, de tão extenuado que me encontrava. 

Portanto, bem feitas as contas, só pude demonstrar o meu real valor durante 1 minuto. Se tivermos presente que o jogo durou 60 minutos, é fácil perceber por que a minha equipa perdeu por 5 a 3: estivemos mais de 50 minutos a jogar com menos um jogador, e esse jogador a menos era eu, que me arrastava literalmente pelo relvado e era levado a pensar que a profissão de trolha, afinal, custa menos, fisicamente falando, do que dar uns toques numa bola.

Isto dito assim, pode-se pensar que eu tenho as mesmas capacidades dos jogador do Benfica: eles também não sabem o que fazer dentro do campo e não podem com uma gata pelo rabo. Essa comparação sai ainda mais reforçada quando os meus companheiros foram unânimes em afirmar que o meu estilo de jogo, naquele único minuto em que consegui realmente jogar, fazia lembrar o do Markovic. Ora, isso é a mesma coisa que dizer que eu jogo como o Messi: se eu sou parecido com o Markovic (dizem os meus colegas) e se o Markovic é parecido com o Messi (diz a imprensa conotada com o clube lampião), então, pela regra lógica do "Se A é B, e se B é C, então A é C", regra que até o Manuel Maria Carrilho percebe sem ter necessidade de agredir alguém, eu sou parecido com o Messi. QED.

Mas só durante um minuto...

Daqui a 15 dias, tenho novo jogo. A minha exibição foi tão marcante que fui novamente convidado, sobretudo pelos jogadores da equipa adversária - não compreendo é porquê...

Da próxima vez, vou tentar ser o Markovic/Messi durante 2 minutos. Daqui a uns bons anos, consigo manter o nível durante o jogo todo.

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